sábado, 4 de janeiro de 2020

Esqueça Banhos mais Curtos

É óbvio, mas com o renascimento do obscurantismo, somos obrigados a repetir obviedades todo dia: Mudança climática é um problema real, nosso padrões de consumo não são sustentáveis e não há planeta B para o qual fugir.

Há alguns anos que a mídia tradicional nos encoraja a ter "atitudes pro meio ambiente". Coisas revolucionárias como não usar canudinhos de plástico, fechar a torneira enquanto se escova os dentes, tomar banhos mais curtos, não usar sacolas plástica no supermercado. Todas essas ações tem um valor simbólico importante. Mas a importância acaba aí. O impacto real é irrisório se comparado a quantidade de água consumida e de lixo gerado por nichos da indústria.

Esqueça Banhos mais Curtos trata desse problema, e da desinformação que nos faz crer que o peso de salvar o planeta está somente em nossos ombros, e que deixa de fora do esforço (e culpa) grandes conglomerados, organizações privadas.



Ainda no tema meio ambiente: The Turning Point — que pode ser traduzido como ponto de inflexão, reviravolta ou momento decisivo.


Mais uma obra de Steve Cutts, que conheci com um vídeo chamado Felicidade, que viralizou há pouco mais de um ano. Em Felicidade ele ironiza o estado de angústia do cidadão médio do século XXI, o desespero que nos faz correr atrás de coisas inúteis, achando que com na próxima decisão de consumo seremos — finalmente e para sempre dessa vez — felizes.

Essa treta toda ainda me lembrou de um vídeo no qual o filósofo esloveno Slavoj Zizek fala sobre como é útil, no sistema capitalista de consumo e produção, que pensemos que a responsabilidade sobre problemas ambientais é puramente nossa. E, com isso em mente, deixamos de correr atrás do governo e das empresas, reais detentores de poder. Deixando de pressioná-los para que adotem práticas menos nocivas ao ambiente. Hipnotizados pela máquina de propaganda, achamos que estamos fazendo nossa parte ao comprar num estabelecimento que se declara responsável e amigável a causas socioambientais. Nos convencemos que pagando vinte centavos a mais em um café nessa "rede sustentável", fizemos nossa parte para salvar o planeta.

Não é o suficiente.

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